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Re: Migrando de DSLR para astrocameras dedicadas

Posted by jsmoraes on Abr 17, 2018; 9:01pm
URL: http://jsmastronomy.245.s1.nabble.com/Migrando-de-DSLR-para-astrocameras-dedicadas-tp1709p1711.html

Paulo, eu ainda não recebi a câmera e portanto não testei. Venho lendo muito sobre ganho, offset e tempo de exposição. E não vejo muita razão para o chamado ganho ZERO. Explico abaixo:

1) ganho é um ajuste feito no amplificador analógico da câmera. E pelo que sei nenhum amplificador tem boa performance quando o ganho é muito pequeno. O ideal é se trabalhar na região linear do amplificador que em geral situa-se entre 20 e 80 porcento.
2) Em astrocâmeras quanto menor o ganho maior o Dynamic Range, que seria ressaltar as informações de baixa intensidade do objeto fotografado. Mas ao se reduzir muito o ganho você tem que aumentar muito o tempo de exposição, que se reduz alguns tipos de ruídos, aumenta outros.
Quando a astrocamera é refrigerada, este impacto é bem menor no que se refere ao ruído térmico. Mas, veja, longo tempo de exposição implica em perda de qualidade por pequenos erros de guiagem e estrelas mais bojudas por capturar uma média maior da refração atmosférica.
3) O Dynamic Range não se esgota se sair do ganho zero. Ele vai ter valores ainda bem adequados mesmo se o ganho na QHY163M for em torno de 300.
4) O ganho unitário na QHY163M está por volta de 120. Ganho unitário estaria na área bem linear da curva de resposta do amplificador analógico.

Offset apenas aumenta o brilho de fundo, e como dito no texto do tópico evita que haja destruição de sinais fracos do objeto, principalmente nas nebulosas. E seu ajuste vai depender da poluição luminosa e do tipo de objeto. E o melhor meio de ajustá-lo é verificando o histograma. Seja no modo linear ou no modo logarítimico o início da curva do histograma não deve estar colado na esquerda. Mas não deve estar muito afastado também.

Quando a câmera chegar farei os testes e poderei ter informações mais práticas sobre estes ajustes. Mas uma coisa eu sei: o ganho zero não me atrai. Acho que virou um pouco de modismo nas discussões dos colegas no Cloudy Nights.
Já vi fotos maravilhosas onde o ganho aplicado estava por volta de 300, embora com câmera diferente da minha QHY.

Outra coisa que tenho visto é o excessivo tempo para luminância. Há colegas que usam até 20 minutos de exposição por frame para luminância e 10 minutos para cores ! E total tempo de exposição de luminância de 8 à 12 horas. Coisa que não me convence, pois teria que utilizar mais de uma noite com seeing diferente para esta luminância.
Mas vejo uma constância nas descrições técnicas: 2 vezes mais tempo para luminancia do que para cada RGB.

Minha experiência com DSLR diz que há um tempo máximo total de exposição onde qualquer adicional não altera a qualidade da foto e das informações significativamente. Sinto um modismo de exagerar no tempo total de exposição.

Um parâmetro que não abordei no texto acima se refere ao Full Well de um pixel, ou seja o preenchimento total deste pixel. Este Full Well só pode ser medido posteriormente ao tempo de exposição e ganho. Se a parte mais brilhosa do objeto que estamos fotografando chegar a este nível nos pixeis, não adianta aumentar o tempo de exposição ou o ganho. Só obteremos saturação desta área.
Seja de uma região de nebulosa ou de uma única estrela do FOV.

Penso que este parâmetro deverá ser o mais importante ao ajustar ganho e tempo de exposição do frame. Nenhuma área da foto poderá ter pixeis com o total Full Well. E, aí sim, o tempo total de exposição pode ser importante para que fótons das regiões mais tênues sejam capturados e se façam presente.

No empilhamento, se um pixel está com seu Full Well nenhuma informação à mais será adicionada. E para se ter uma imagem limpa e nítida acho que os frames não devem ter seus pixeis com este Full Well, justamente para que não haja excesso quando empilhados.

Isto eu percebo quando faço fotos da Lua. Ajusto ganho e tempo de exposição para que a menor área possível fique saturada com a incidência da luz solar. E isto faz com que minhas fotos da Lua fiquem com uma definição, nitidez e detalhes muito intenso. Aplico o mesmo para Júpiter.

O realce do brilho geral da superfície eu ajusto durante o processamento gráfico, e ainda uso máscaras para que as áreas próximas da saturação ou já saturadas não se expandam.

Com DSLR você não tem muito recurso para evitar estas saturações. ISO é um ganho fixo. Você só tem ajuste no tempo de exposição. Daí, normalmente temos várias estrelas saturadas, gordinhas e de cor esbranquiçadas.
Resolvi migrar para astrocamera por causa disto.
GSO 305 mm
NEQ6 Pro - Roda 5 Filtros Manual
Guia: OAG TSOAG9T2 - ASI120MC
Cannon EOS T3 - QHY163M
ASI120MC, DSI-1 Meade e SPC880